Inventário Turístico de Pernambuco
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O
Cuscuz da Vovó Clotilde
O cuscuz surgiu junto com os
povos berberes, que habitavam o deserto do Saara, numa extensa faixa
territorial que hoje em dia forma estados-nações como Líbia, Tunísia, Argélia,
Marrocos e Saara Ocidental.
A introdução no cardápio
brasileiro foi feita através dos colonizadores portugueses, em meados do século
XVI. A receita original feita de trigo e sêmola foi rapidamente abrasileirada e
passou a contar com ingredientes abundantes no país.
O cuscuz tem origem em
Maghreb, localizada no norte da África, e foi trazido para o Brasil durante a
colonização portuguesa. Há histórias de que o cuscuz já era preparado há pelo
menos dois séculos antes de Cristo. Os africanos dizem o nome “cuscuz” deriva
do som da sêmola chiando na cuscuzeira durante o cozimento.
Assim, o cuscuz que vi minha avó
fazendo no interior de Surubim, onde ela pisava no pilão o milho e depois de
ficar dois dias na água, para amolecer, ela colocava para secar e assim ia
passando na peneira ou arrupemba.
Meu
avô Antônio e minha avó Clotilde
O que sobrava virava o xerém e
o pó fazia um belo cuscuz. Para acompanhar, ela assava tripa de porco ou de boi
que ficava pendurando em cima do seu fogão de lenha.
Essa lembrança me inspirou
para fazer hoje um belo cuscuz com tripa de porco em homenagem a minha avó e
meu avô por parte de pai.
CONTATO
Pesquisador e Gastrônomo/Chef Marcos Lôbo
Fone / WhatsApps (81) 99788 6975
O COLORAU SEMPRE PRESENTE NA GASTRONOMIA NORDESTINA
Trazer
este ingrediente como fonte de alimento, e que sempre foi usado pelos índios
desde da invasão europeia em nosso território, é falar de uma herança
gastronômica do nosso continente americano que fazemos parte.
Ele deve ser adicionado sempre antes ou durante
a cocção. Com o que combina?
Suave e adocicado, ressalta os sabores de
carnes, frangos e pescados de todos os tipos, sopas e ensopados. Dando cor as
carnes e agregando sabores em nossa cultura nordestina, que vem dando abertura
até em outros países na fabricação dos queijos e embutidos, não só pela cor,
mais também pelo aroma e assim entender que até teve registro na carta de Pero
Vaz de Caminha.
A ampla distribuição geográfica dessa
planta, fez com que ela fosse conhecida por vários nomes. No Brasil também é
conhecido por nomes como urucu, urucum, urucu-uva, urucu-bravo,
açafroa e bixa, além de nomes indígenas como ahitê, nukirê,
bixe e bixá. Na América espanhola o urucum é conhecido
como achiote, anoto, achote, onotto, onotillo, roekoe, schirabaeli, koessewee,
koesowe, bija, cacicuto, uruca, achiotillo, arnotto, arnolta, roucou,
chancaguarica, kuxub, achihuiti, achiti, shambu, huantura, atta, santo domingo,
analto e guajachote. Na Espanha tem o nome de bija, na França
de rocouyer, na Alemanha de orlenasbaum, na Itália, Inglaterra e
Estados Unidos de annatto e na Índia
como lathan ou kolssewil (CARVALHO, 1989; CORREA, 1975;
MARTORELL, 1975; SANTOS, 1958).
Algumas referências indicam
que os astecas usavam os pigmentos de urucum para dar a consistência e
aparência de sangue a uma bebida preparada a partir do cacau. Essa bebida era
então utilizada em seus rituais, simulando o sangue humano. Nativos da América do
Sul utilizavam óleos, resinas, ceras e gorduras extraídas de plantas ou
animais, para a preparação dos corantes de urucum. O uso desses materiais
reforçava a ação protetora do urucum contra os insetos. Índios do Peru e do sul
do Equador utilizavam a gordura obtida do guácharo, um pássaro de hábito
noturno, para a obtenção desse corante (PATINO, 1967).
Os
processos artesanais de obtenção dos corantes das sementes de urucum, aprendido
com os índios, continuou por muito tempo. FREIRE, em sua
publicação de 1936 (Ligeiras informações sobre a cultura e a indústria
do urucu) cita a fabricação do que ele chama de “pães de urucu”, da seguinte
forma: “As sementes colhidas logo são lançadas em uma gamela ou celha,
escaldam-se com água a ferver; a massa é remexida frequente vezes para separar
o testa ceráceo das sementes. Depois de alguns dias é a massa passada por um
crivo, para extremar a substância tintorial. Dá-se descanso ao líquido durante
uma semana a fim de fermentar e poder depositar a matéria corante. Passado esse
tempo retira-se a água clara. A matéria tintorial que assentou é depois
distribuída em recipientes apropriados, para que a umidade excessiva se evapore
à sombra. Quando a substância adquire a consistência da massa de vidraceiro,
dás-lhe a forma de pães que se envolvem em folha de bananeira. É esse o pão de
urucum que se exporta em grande quantidade do Brasil”.
O
principal produto derivado das sementes de urucum ainda é o colorau mas seus
pigmentos são encontrados em muitos produtos como massas, salsichas, queijos
prata, sorvetes, iogurtes, temperos, etc. É usado muito no preparo de arroz,
molhos, caldos, recheios, carnes assadas, sopas, pães e arroz.
Como
comprar?
Pode
ser encontrado seco, em sementes ou em pó que é normalmente chamado
de colorau.
CONTATO
Pesquisador e Gastrônomo/Chef Marcos Lôbo
Fone / WhatsApps (81) 99788 6975
Referências:
https://www.ourucum.com.br/historia
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OS “SINDICATOS DE RUAS”
Por Gustavo Pacheco
Passando quase desapercebido,
observamos um fenômeno não raro, mas de certa forma presente em alguns bairros
de subúrbios: "Os sindicatos de ruas".
São encontros ocasionais de pessoas, na maioria das vezes de homens, que de forma improvisada se organizam em algum canto de rua ou esquina para beber ou simplesmente conversar para compartilhar todo tipo de assunto como política, futebol, marcas de bebidas, inflação, bares novos que surgiram, histórias e dramas pessoais e profissionais. Mas com certeza, o que mais se conta são as piadas de toda natureza e mentiras.
Para quem transita na rua e em primeira
vista, pode ter uma pensamento de reação preconceituosa de achar que são “um
bando de beberrões ou alcoólatras (até pode ter), mas nem sempre é assim.
Em participar e pesquisar um desses
sindicatos em minha rua, pude testemunhar nas vidas de muitas pessoas, a
grandeza e a fragilidade humana, impulsionada por todo tipo de valores,
sentimentos, sonhos, aprendizados e exigências que o mundo pode nos oferecer.
Apesar de não haver uma regra
para participar, basicamente “precisa” ser morador ou nativo confiável da rua
ou do bairro. Que observa as modificações e ocorrências na comunidade e o
movimento de pessoas e suas curiosidades. Os novos moradores sempre são
convidados, outros que já migraram de outros sindicatos se aproximam com
desenvoltura e aqueles que as vezes são mais desconfiados ou tímidos passam cumprimentando
mas nunca se “associam”.
Os apelidos divertidos que podem
surgir entre seus “associados” são muito criativos e ajuda a identificar a
pessoa, que em muitas vezes nunca se decora o nome verdadeiro. Os encontros com
maior número de pessoas são frequentes aos sábados, não obstante, o encontro de
duas pessoas já é um ponto de partida. Escuta-se músicas variadas como MPB,
rock, cúmbia, forró, brega romântico ou total ausência delas.
No entanto, não vamos aqui
pautar o tema que pode ser explorado por diversas análises acadêmicas e psicossociais.
A abordagem que escolhemos foi para outro elemento importante nos sindicatos de
ruas que é a comida.
Não temos a pretensão de
oferecer perspectivas gastronômicas inovadoras em uma situação tão peculiar,
apesar das mesmas revelarem regionalismo e preferências caseiras, mas essa
necessidade faz surgir os tira-gostos ou petiscos, que podem ser simples e
ocasionais como um saquinho de amendoim, uma fruta, uma marmita de almoço com
poções generosas de carne, asinha de frango, toscanas, galeto empoeirado assado
na brasa ou, os mais elaborados e criativos como: os caldinhos, peixes fritos,
feijoadas, camarões. Os melhores são aqueles feito pelas pacientes e talentosas
esposas em que aqui carinhosamente lembramos e que também (nem todas) são
responsáveis pelo retorno domável de uns poucos dos nossos heróis para casa,
sempre por livre e espontânea pressão e delicadeza.
Mas são os homens na sua maioria
que improvisam e compram alguma comida. E de fato se percebe que nessas
condições, o ambiente se torna mais descontraído e divertido.
Esses encontros costumam iniciar
as 9 horas da manhã e termina em torno das 14 horas. Mas acontece de ir até ao
anoitecer quando tem algum aniversariante.
A chuva é o maior desafio para
os adeptos de sindicatos de rua, pois nem sempre tem abrigos disponíveis de emergência,
o mesmo para os sanitários, o que pode ser uma explicação razoável para a escassa
participação feminina.
Quando tudo acaba, fica apenas
alguns vestígios da presença de um ponto de sindicato de rua. Alguns mais conscientes,
procuram recolher o lixo e até varrerem. Mas nem sempre, infelizmente não é
assim.
Durante a semana, você anda pelo
bairro e vez ou outra alguém te reconhece e te acena. Nesses sindicatos, sempre
tem algum pedinte querendo moedas, cigarros, bebidas e até recolher as latinhas
de cerveja, não é por menos, eles estão na rua, no habitat deles. Mas também
acontece muita gentileza. Algumas pessoas perdidas procurando ruas ou pontos de
referências são atendidas, outros se acidentam caindo de bicicletas ou motos e
logo alguém já está ajudando a levantar. Muitas crianças que soltam a mão dos
pais e correm para o meio da rua são “salvas”. Alguns cachorros vez ou outra se
aproximam, nenhum dos presentes são seus donos, mas eles sabem que tem algum
petisco que caiu no chão. Relembra um pouco os imemoriáveis sindicatos da época
das cavernas quando os ancestrais caninos ou felinos que nos cercavam tinham
ideias nada originais de nos degustar.
Uma vez um transeunte homem, de aparência
humilde, na faixa dos 40 anos, teve um ataque súbito de epilepsia caindo no
chão. Havia passado um pouco mais de 30 metros do sindicato. Foi bonito de ver a
mobilização para socorrer o mesmo. Fazer sombra com um papelão para proteger do
sol, colocar ele de lado, jogar água fria na testa e toda sorte de
procedimentos de “primeiros socorros” que deixaria qualquer um surpreso. Em
meio aos burburinhos, o desavisado enfermo finalmente acorda com aquela
expressão de dúvida: Quem sou eu? Onde estou? Alguém num determinado momento
parou de fazer fotos com o celular e ligou para o serviço de emergência, mas
mesmo antes da ambulância do SAMU chegar, ele foi socorrido pelo irmão que
chegou com muita pressa e o levou dentro de um carro de mão em direção a
comunidade que eles moravam. IMAGENS 2023
Assista aqui
VEJA O EVENTO PROJETO GASTROSINDICATODERUA