UMA VIAGEM PELOS SERTÕES DE PERNAMBUCO
Ceci do Eirado Amorim
Região pouco conhecida, mas com uma
riqueza ambiental e cultural surpreendentes. A distância parece ser uma das
dificuldades para os deslocamentos, mas vale a pena viajar por 5horas, 8 horas
ou mais para vivenciar esse vasto sertão e ter experiências inesquecíveis.
Hoje, muitas cidades já contam com meios de hospedagem de qualidade e bons
restaurantes.
Começando por Arcoverde, “a porta do
sertão”, destaca-se pelos seus folguedos populares e movimentos religiosos. Ali
perto, Ibimirim com seus mestres santeiros e o Vale do Catimbau, onde se pode
fazer trilha com condutor observando a fauna e a flora tão típica da
localidade. Seguindo no sentido da Região de Itaparica, Floresta com seu
casario, suas igrejas, seus doces e licores de tamarindo, a famosa Pedra do
Navio e muito mais. A cerca de 40km, o distrito de Nazaré do Pico com a sua
história do Cangaço e das Forças Volantes, uma história a ser vivenciada no
Museu das Forças Volantes, em fase final de instalação. Também próximo à
Floresta, mas em outro sentido, Petrolândia com seu belo Lago de Itaparica e
sua igreja quase que totalmente submersa, registro da antiga cidade que foi
inundada para a construção da Barragem de Itaparica e seu lago. Um passeio de
catamarã por esse marzão de águas doces é algo inenarrável. Outras cidades
próximas também têm seus atrativos e merecem uma visita.
Na região do Sertão do São Francisco,
imperdível a visita, em Lagoa Grande, às vitivinícolas, uma atividade que
agroindustrial que prosperou no sertão pernambucano. Há vinhos produzidos aqui
que são premiados internacionalmente. Em Santa Maria da Boa Vista, município
vizinho, um belo casario muito bem conservado. Na gastronomia, o destaque é o
cari, peixe de água doce conhecido como a “lagosta do sertão”. A bela orla do
rio São Francisco e a famosa Serenata da Recordação, um evento anual que vale a
pena participar. Nesse mesmo sertão, Afrânio, a 100km de Petrolina, com o seu
charmoso distrito de Caboclo, também com um casario colorido, o Museu Pai Chico
e o seu famoso doce de tamarindo.
Já seguindo para o Araripe, a cidade
de Araripina, com o Santuário Senhor da Verônica, uma história muito
interessante. Do alto, pode-se contemplar a Chapada do Araripe e as torres
eólicas, além de visitar o santuário. Muitas trilhas podem ser feitas a pé ou
de bicicleta. Interessante, também a vaquejada, as pegas de boi. Em Exu, a
cidade de Luiz Gonzaga, com seu Parque Asa Branca, muito bem estruturado e com
um incrível acervo sobre o rei do baião; o Sítio Caiçara, onde há a casa grande
do Barão de Exu que, depois de restaurada, passou a abrigar o Museu Bárbara de
Alencar, uma liderança na Revolução de 1817 e a Fazenda Araripe, onde Luiz
Gonzaga nasceu.
Já no Sertão Central, Salgueiro,
Serrita e São José do Belmonte, três municípios que destaco. O primeiro, tem
edificações muito bonitas e conservadas, uma comunidade quilombola que cria
peças artesanais em sisal e bordados muito interessantes, isso e muito mais
exposto na Casa da Cultura de Salgueiro. Serrita, tem em julho a famosa Missa
do Vaqueiro e um trabalho em couro admirável. Já São José do Belmonte é uma
caixa de surpresas, a começar pelo pórtico da cidade, seguido do castelo
armorial, da cidade propriamente dita e, na área rural, a Sítio Histórico da
Pedra do Reino e o Ilumiara Pedra do Reino, este idealizado por Ariano
Suassuna. Nesse lugar mágico, a história do movimento Sebastianista foi
marcante. Saindo de Belmonte, como é carinhosamente chamado, a 20km, no sentido
Recife, no distrito de Bom Nome, parada obrigatória no Café de Dona Neta, para
degustação e compra do tradicional doce de leite.
E, por fim, o Sertão do Pajeú com
seus 17 municípios, dos quais, destaco Serra Talhada, Santa Cruz da Baixa
Verde, Triunfo, Flores, Afogados da Ingazeira, Tabira e São José do Egito.
Serra Talhada chama a atenção pelos atrativos culturais, o Museu Casa da
Cultura, a Fundação Cabras de Lampião com o Museu do Cangaço, o Sítio Passagem
das Pedras – onde nasceu Lampião e muitos eventos de destaque. É uma cidade
universitária. Já Santa Cruz da Baixa Verde, um singelo município muito bem
estrutura, com seu casario e praças bem conservados. Na área rural, vários
engenhos produtores de rapadura e muita história para contar. Subindo a serra,
o “oásis do sertão”, Triunfo com seu microclima, teleférico, Museus – do
Cangaço, da Cidade, a Casa do Careta, a Casa Grande das Almas, igrejas e
conventos, o Quilombo das Águas Claras, entre outros. Seguindo em outra
direção, Flores muito graciosa, com uma área rural muito bonita e artesanato
que pode ser encontrado no Terminal Rodoviário. Afogados da Ingazeira, e São
José do Egito se destacam na poesia e na cantoria. Em Afogados, o Museu do
Rádio, muito interessante, a serra do Giz com suas inscrições rupestres, e
muito mais. Tabira é famosa pelas vaquejadas e pelas fábricas de pipoca, quebra
queixo e de amendoim salgado. Sua área rural também é muito bonita.
São cinco sertões bem diferentes
conforme as suas características ambientais, históricas e culturais, todos
surpreendentes. Vale colocar o pé na estrada e sair descortinando cada um
deles.
Graduada em Comunicação Social pela UFPE) e Mestre em Administração e
Comunicação Rural pela UFRPE. Trabalha na Empresa de Turismo de Pernambuco
Governador Eduardo Campos (EMPETUR). Foi professora dos cursos de Turismo da
Universidade Católica de Pernambuco e da Faculdade Frassinetti do Recife
(FAFIRE)
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