quinta-feira, 8 de outubro de 2020

 UMA NOVA ABORDAGEM NAS EXCURSÕES E NAS VIAGENS TURÍSTICAS 

DO LITORAL AO SERTÃO DE PERNAMBUCO

 

Coluna de Ceci do Eirado Amorim[i]

 

O tão falado “turismo de experiência”, na realidade não é um segmento turístico, mas uma abordagem na maneira de apresentar e de vivenciar o produto. Esse tipo de abordagem em algumas viagens e excursões, quando realizadas com amigos ou familiares, sempre foi possível, mais recentemente é que passou a ser incorporada por algumas agências de viagens. Além do mais, há um nicho de mercado que valoriza experiências autênticas, fugindo dos roteiros tradicionais e, de preferência, em pequenos grupos, e esse é o diferencial dessas empresas de turismo.

Os viajantes que fazem parte desse nicho, buscam o que se aproxima do “autêntico” em um lugar, numa comunidade quilombola ou indígena, ou ainda, numa vila pescadores, entre outros. Experiências que envolvam saberes, sentimentos e que fiquem marcadas positivamente. O importante é mexer com as emoções do que é próprio da cultura local, é sair da correria, da tecnologia, do que é empacotado...

Percorrer rios, vales, sítios, praias, ilhas... imergir na natureza com toda a sua beleza, sons e aromas; conhecer histórias que se passaram em nosso interior como a do cangaço, a do Padre Ibiapina, a de Luiz Gonzaga e de tantos que aqui nasceram e/ou viveram; descobrir coisas novas – como fazer a farinha e o beiju,  a cachaça e a rapadura; como dançar o coco com os mestres ou a ciranda com Lia da Ilha de Itamaracá; como fazer os adereços dos componentes do maracatu ou os bordados das golas dos caboclos de lança, e tantos outros saberes e fazeres – experiências vividas e sentidas.

Recentemente, ouvi de uma pessoa que não é da área, mas muito curiosa e perspicaz “ que invenção é essa agora de ‘turismo de experiência’, ‘turismo criativo’, todo turismo não é uma experiência e não é criativo? ” Eu também me perguntei quando ouvi essas duas expressões pela primeira vez.  Claro que a atividade turística, seja qual for o segmento, é uma experiência, pode ser criativo e, desde que planejado, pode haver a “co-criação”, porém, quando padronizada, cronometrada rigorosamente, não flexível, não é tão emocionante e não há troca entre visitante e visitados.

Algumas agências do nosso Estado comercializam pacotes e excursões com vivências inesquecíveis, uma delas é a Sabores do Patrimônio. Posso falar sobre as suas propostas porque já participei de duas excursões organizadas pelos sócios proprietários e achei excelentes, e, como bem diz Alexandre Amorim, um dos sócios, a “Sabores possibilita a você, viajante, um arruar por cidades e lugares do Nordeste, para conhecer e usufruir seus territórios e suas paisagens, com suas diversidades e singularidades, e seus bens culturais e vivenciar suas celebrações, saberes e fazeres. ” (Facebook da Sabores do Patrimônio)

Dentre as ofertas dessa agência que prioriza a experiência, a convivência e a criatividade, destaco:


§  Vale do Catimbau – Incluindo, não só o Vale, no trecho de Buíque com trilha, conhecimento de botânica – explicações sobre várias plantas, inscrições rupestres, visita aos mestres escultores Luiz Benício e Zé Bezerra; em Arcoverde, dentre os atrativos, numa das noites, o Coco Raízes de Arcoverde do Mestre Calixto.

                  


                        

Imagem do Facebook da Sabores do Patrimônio (os valores podem ter alterados).

 

§  Queijos e Cachaça – Inclui a Campo da Serra – produção de queijos divinos, em Gravatá e a Cachaçaria Sanhaçu, uma experiência inesquecível, não só pela produção da cachaça, mas pelas atitudes sustentáveis adotadas.

                       


                    

Imagem do Facebook da Sabores do Patrimônio (os valores podem ter alterados).

§  Viva Xambá – Neste, um encontro com a cultura afrodescendente de Xambá, almoço em restaurante de cozinha africana e uma roda de conversa com as mulheres de Xambá. Uma experiência fascinante!!!! E muitas outras opções.

                            


               

Imagem do Facebook da Sabores do Patrimônio (os valores podem ter alterados).

Outras empresas de turismo que trabalham nessa mesma direção, em Pernambuco, são a LOA Experiências e a Avant (Recife), a Criatur (Petrolina), a Laurentur (Bezerros), Triunfo Turismo (Triunfo). Pouco a pouco outras agências vão se adaptando ao novo perfil dos interessados nas viagens de curto tempo, tanto no litoral como no interior do Estado.

Todas essas maravilhosas experiências tiveram que ser adiadas, neste ano de 2020, por causa a pandemia do corona vírus. Com isso, houve uma frustração generalizada e todos os planos adiados. Estudos recentes apontam que o fato das pessoas terem ficado “trancadas” em casa, sem convívio social, trabalhando remotamente, despertou nelas o desejo e/ou a necessidade de um contato maior com a natureza no litoral e no interior dos estados brasileiros. E Pernambuco tem uma estrutura receptiva que atende a toda essa demanda reprimida.  Do litoral ao sertão há várias opções de turismo e de lazer que proporcionam descanso, contemplação, observação de aves, caminhadas, vivências, tem o fazer junto, o trocar, o criar. Seja numa comunidade pesqueira do nosso litoral ou numa casa de farinha, em Buenos Aires, na Zona da Mata; ou no Vale do Catimbau, no atelier dos mestres artesãos, em Buíque, no Agreste Meridional; ou ainda com o Mestre Calixto do Coco Raízes de Arcoverde, no Sertão do Moxotó, tudo isso e muito mais em todos os cantos e recantos do nosso Estado.

O otimismo começa a tomar conta de todos, potenciais turistas e empresas especializadas. Com o decréscimo dos casos da COVID-19, mas sem relaxar, novas ofertas, novos planejamentos e pé na estrada. SIMBORA PERNAMBUCAR!!!!




[i]  Graduada em Comunicação Social pela UFPE) e Mestre em Administração e Comunicação Rural pela UFRPE. Trabalha na Empresa de Turismo de Pernambuco Governador Eduardo Campos (EMPETUR). Foi professora dos cursos de Turismo da Universidade Católica de Pernambuco e da Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE)

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