segunda-feira, 1 de novembro de 2021

PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO-BRASILEIRO

 TERREIRO OXUM PANDA YFÁ LOUMIM

REALIZADA EM 30 DE JULHO DE 2018

PAULISTA - PE - BRASIL





 Nasci com esta missão em minha vida, que ligava o continente africano ao continente americano. Foram anos de espera, e meu primeiro contato com tudo isso aconteceu em um terreiro de umbanda de minha genitora, no bairro de Salgadinho no Recife.

Descobri através de um ritual, que faria uma entrega todo de branco para alguém. Os anos se passaram, estudei e voltei para meu nordeste depois de 39 anos no Rio de Janeiro. 




Quando estava no meio dos dois continentes na Ilha de Fernando de Noronha, fiz meu primeiro contato com a mãe África através de dois amigos angolanos. Eles fizeram uma proposta em retornar a sua gastronomia, pois a mesma tinha sido tirada durante muito tempo, e assim, começou minha entrega.

Essa herança que ficou guardado por todos estes anos em minha memória, quando frequentava as seções espíritas no terreiro de minha genitora. Minha missão estava por vir e assim revelar tudo que aprendi nos dias de preparo nas grandes festas do terreiro. 




Entender tudo isso e resgatar em forma de pesquisa, os conhecimentos de uma história cultural guardando na colonização dos continentes em quase 500 anos.

Parei, pensei e quase não dormi buscando uma forma por onde começar esse trabalho. Pedi aos caboclos de minha genitora para me ajudar. Li, pesquisei, procurei e assim surgiu um livro com o título de minha autoria cujo título é: “A gastronomia bantus, de volta para suas raízes”. 






Foi um momento de grande abertura em minhas investigações e com o material pronto, começamos a trançar cada detalhe do que iria ser feito. Li muito e quando comecei a escrever o livro, as palavras foram surgindo de forma clara e se colocando em cada página para que pudesse ficar na mente de quem fosse ler ou degustar as palavras.

Rescrever uma história no olhar de um gastrônomo que já existia a mais tempo do que se possa imaginar. O certo e o errado andavam juntos nos momentos mais promissores e entender tudo isso e passar de uma forma clara seria um desafio.





MESA DE APRESENTAÇÃO


Foram horas de leituras, pesquisas e engradecendo tudo que vivi desde do meu nascimento com cada dia que se passava. Fácil não foi, porque fazer esta ligação entre Marcos Lôbo e o retorno desta gastronomia sem entender muito o que ia encontrar. Tudo isso foi importante em de todo meu aprendizado na área e para demonstrar a forma de como seria feito.

A escolha de onde seria feito os pratos e de que forma iria acontecer a entrega estava perto de se realizar. Eu pensava como seria. Conversei com uma amiga de minha irmã e assim, encontrei a yalorixá Nancy D Osun Iponda, onde foi pedido permissão aos orixás para continuar todo caminho que foi traçado desde do meu nascimento. 





No grande dia me preparei para demostrar que este filho poderia fazer o melhor possível e ao sair de Ipojuca para Recife, começou a concentração espiritual com o nascer do sol. Peguei a estrada e na chegada minha amiga (Nancy) estava de prontidão para irmos às compras dos ingredientes que faria todo preparo de cada prato, definido alguns e outros surgindo intuitivamente espiritual.

As compras iniciaram pelas pimentas, inhame, quiabo, amendoim, castanha de caju, azeite de dendê, coco e leite de coco, cebolinha, cebola, macaxeira, cará, sururu, marisco, camarão seco, farinha de feijão-fradinho, tomate, tomate-cereja, abacaxi, gengibre, açúcar, azeite, pão francês, pimentão amarelo, pimentão verde, pimentão vermelho, jerimum, cebola roxa, ovos, alho, folha da bananeira, farinha de fubá, pimenta-branca, pimenta-do-reino, cominho, camarão fresco e não podia faltar a galinha da Angola. 



PRATO DE ENTREGA

Adoxu feito para entrega e temperado com sal manteiga e mel, e acompanhado com purê de cará e inhame regado com molho de coentro. 

Foi entregue o Adoxu para à Mãe Oxum e a Pai Oxalá.




PRATOS NA VERSÃO GOURMET INSPIRADOS NOS
OFERECIDOS AOS ORIXÁS 


Quando terminamos as compras fomos para o Terreiro Oxum Panda Yfá Loumim, no local começou a segunda parte que chamamos de limpeza e permissão para começar. Nancy começou com o banho e depois eu tomei o meu para preparar os pratos. Tomamos café e logo em seguida a equipe de três pessoas se posicionaram. Nancy começou a fazer a permissão. Gustavo Pacheco, do Blog Atrativo Pernambuco se preparou para registrar tudo o que for possível. Eu estava todo a caráter com a roupa de chef e com a permissão dada após acender uma vela dentro da cozinha, começamos todos os preparos de cada prato que iam surgindo um a um sem parar. 



Versão do abará 





Versão do acarajé



Versão do vatapá


Versão do caruru


Versão do Abará



PRATOS ORIGINAIS OFERECIDOS AOS ORIXÁS



Acarajé




Aluá - Bebida de terreiro feita com casca de abacaxi, fermentada com gengibre e mel


Molucu - Prato de Oxum



Abará


ALGUNS INGREDIENTES UTILIZADOS






Cozinha do terreiro


Quiabo


Tomate cereja, quiabo, cebola roxa e cebolinha




Mistura de queijo coalho e muçarela


Azeite de dendê


Camarão seco


Leite de coco


Cará e inhame


Coentro



Ingredientes separados


Cebola e cebolinha com água para o preparo da massa do acarajé


Camarão


Ingredientes reunidos





Sementes de aroeira


 Galinha de Angola


MONTAGEM DE ALGUNS PRATOS


Caruru ( Na Angola chama-se Calulu)


Macaxeira




Massa do abará na folha da bananeira





Massa do Acarajé

Foram quase oito horas de trabalho de uma vida toda para que pudesse acontecer e foram feitos desde o doce ao salgado como o acarajé, vatapá, caruru (calulu), abará, e a refrescante bebida aluá.

Na conclusão dos trabalhos, fechamos com respeito aos orixás. O prato da entrega foi o adoxu para à mãe Oxum e o pai Oxalá, oferecido simbolicamente para Rivaldo Pessoa.


Rivaldo Pessoa 








































































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