PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO-BRASILEIRO
TERREIRO OXUM PANDA YFÁ LOUMIM
REALIZADA EM 30 DE JULHO DE 2018
PAULISTA - PE - BRASIL
Nasci com esta missão em minha vida, que ligava o continente africano ao continente americano. Foram anos de espera, e meu primeiro contato com tudo isso aconteceu em um terreiro de umbanda de minha genitora, no bairro de Salgadinho no Recife.
Descobri
através de um ritual, que faria uma entrega todo de branco para alguém. Os anos
se passaram, estudei e voltei para meu nordeste depois de 39 anos no Rio de
Janeiro.
Quando
estava no meio dos dois continentes na Ilha de Fernando de Noronha, fiz meu
primeiro contato com a mãe África através de dois amigos angolanos. Eles
fizeram uma proposta em retornar a sua gastronomia, pois a mesma tinha sido
tirada durante muito tempo, e assim, começou minha entrega.
Essa
herança que ficou guardado por todos estes anos em minha memória, quando
frequentava as seções espíritas no terreiro de minha genitora. Minha missão
estava por vir e assim revelar tudo que aprendi nos dias de preparo nas grandes
festas do terreiro.
Entender
tudo isso e resgatar em forma de pesquisa, os conhecimentos de uma história
cultural guardando na colonização dos continentes em quase 500 anos.
Parei,
pensei e quase não dormi buscando uma forma por onde começar esse trabalho. Pedi
aos caboclos de minha genitora para me ajudar. Li, pesquisei, procurei e assim
surgiu um livro com o título de minha autoria cujo título é: “A gastronomia bantus, de volta para suas raízes”.
Foi
um momento de grande abertura em minhas investigações e com o material pronto,
começamos a trançar cada detalhe do que iria ser feito. Li muito e quando
comecei a escrever o livro, as palavras foram surgindo de forma clara e se
colocando em cada página para que pudesse ficar na mente de quem fosse ler ou
degustar as palavras.
Rescrever
uma história no olhar de um gastrônomo que já existia a mais tempo do que se
possa imaginar. O certo e o errado andavam juntos nos momentos mais promissores
e entender tudo isso e passar de uma forma clara seria um desafio.
Foram
horas de leituras, pesquisas e engradecendo tudo que vivi desde do meu
nascimento com cada dia que se passava. Fácil não foi, porque fazer esta
ligação entre Marcos Lôbo e o retorno desta gastronomia sem entender muito o
que ia encontrar. Tudo isso foi importante em de todo meu aprendizado na área e
para demonstrar a forma de como seria feito.
A
escolha de onde seria feito os pratos e de que forma iria acontecer a entrega
estava perto de se realizar. Eu pensava como seria. Conversei com uma amiga de
minha irmã e assim, encontrei a yalorixá Nancy D Osun Iponda, onde foi pedido
permissão aos orixás para continuar todo caminho que foi traçado desde do meu
nascimento.
No
grande dia me preparei para demostrar que este filho poderia fazer o melhor
possível e ao sair de Ipojuca para Recife, começou a concentração espiritual
com o nascer do sol. Peguei a estrada e na chegada minha amiga (Nancy) estava
de prontidão para irmos às compras dos ingredientes que faria todo preparo de
cada prato, definido alguns e outros surgindo intuitivamente espiritual.
As
compras iniciaram pelas pimentas, inhame, quiabo, amendoim, castanha de caju,
azeite de dendê, coco e leite de coco, cebolinha, cebola, macaxeira, cará,
sururu, marisco, camarão seco, farinha de feijão-fradinho, tomate,
tomate-cereja, abacaxi, gengibre, açúcar, azeite, pão francês, pimentão
amarelo, pimentão verde, pimentão vermelho, jerimum, cebola roxa, ovos, alho,
folha da bananeira, farinha de fubá, pimenta-branca, pimenta-do-reino, cominho,
camarão fresco e não podia faltar a galinha da Angola.
Adoxu feito para entrega e temperado com sal manteiga e mel, e acompanhado com purê de cará e inhame regado com molho de coentro.
Foi entregue
o Adoxu para à Mãe Oxum e a Pai Oxalá.
Quando
terminamos as compras fomos para o Terreiro Oxum Panda Yfá Loumim, no local
começou a segunda parte que chamamos de limpeza e permissão para começar. Nancy
começou com o banho e depois eu tomei o meu para preparar os pratos. Tomamos
café e logo em seguida a equipe de três pessoas se posicionaram. Nancy começou
a fazer a permissão. Gustavo Pacheco, do Blog Atrativo Pernambuco se preparou
para registrar tudo o que for possível. Eu estava todo a caráter com a roupa de
chef e com a permissão dada após acender uma vela dentro da cozinha, começamos
todos os preparos de cada prato que iam surgindo um a um sem parar.
Foram
quase oito horas de trabalho de uma vida toda para que pudesse acontecer e
foram feitos desde o doce ao salgado como o acarajé, vatapá, caruru (calulu),
abará, e a refrescante bebida aluá.
Na
conclusão dos trabalhos, fechamos com respeito aos orixás. O prato da entrega
foi o adoxu para à mãe Oxum e o pai Oxalá, oferecido simbolicamente para
Rivaldo Pessoa.
Foram
feitos duas versões de pratos: para os orixás e outros de forma gourmet para convidados
da casa que praticam essa tradição religiosa.
ASSISTA OS VÍDEOS
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 1
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 2
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 3
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 4
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 5
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 6
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 7
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 8
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 9
PESQUISA GASTRONÔMICA AFRO BRASILEIRO PARTE 10
Entrevista com Mãe Nancy e Pessoa sobre a CULINARIA AFROLATINOAMERICANA
Entrevista com Mãe Nancy e Pessoa sobre a CULINARIA AFROLATINOAMERICANA parte 2
Entrevista com Mãe Nancy e Pessoa sobre a CULINARIA AFROLATINOAMERICANA parte 3
CONTATO
Pesquisador
e Gastrônomo/Chef Marcos Lôbo
Fone / WhatsApps (81) 99788 6975
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