Visitando
o município de Feira Nova: A terra da
farinha de mandioca
No dia 04 de setembro de
2020, o Blog Atrativo Pernambuco, representado por Gustavo Pacheco e Cássia
Costa, estiveram no município de Feira Nova, no Agreste Setentrional e distante
77 km da cidade do Recife. Seguimos pela BR 232 e depois pela PE 50, e logo
após o município de Glória do Goitá, a Terra dos Mamulengos, chegamos a
conhecida Terra da Farinha de Mandioca.
Os municípios limítrofes de
Feira Nova são ao Norte: Limoeiro; Sul: Glória do Goitá; Leste: Lagoa de
Itaenga; Oeste: Passira.
Fonte/imagem(http://pt.wikipedia.org/wiki/Feira_Nova_(Pernambuco)#mediaviewer/Ficheiro:Mapa_de_Feira_Nova_(2).png)
Possui como atividade
principal, além do comércio varejista e agricultura de subsistência, a produção
de farinha de mandioca, sendo esta atividade a fonte de renda de uma parte da
população, o que reconhecidamente, lhe conferiu a identidade cultural “Terra da
Farinha de Mandioca”. A farinha é a base do preparo de comidas conhecidas como:
bolos, cuscuz, farofa, pirão, papas de mandioca, farinha etc.
Segundo informações locais,
o carnaval, maracatu e a festa da farinha que acontece no dia 30 setembro, são
os eventos mais apreciados.
A região possui casas de
farinhas, algumas originais. Possuem cooperados e cooperativa que organiza toda
a logística desse produto muito consumido, principalmente no nordeste.
Chegamos na cidade numa sexta-feira,
em torno da 7:30h, e logo observamos o movimento de montagem das bancas da
feira livre ao lado da sede da prefeitura. Estávamos sendo aguardados por uma
equipe técnica do município e também acompanhando uma pesquisa gastronômica do
chef Marcos Lôbo.
Aproveitamos uma rápida
oportunidade e fomos até a Delicatesse Além do Pão. A proprietária, Cleonice
Conceição nos serviu um aromático café e deliciosos bolos. Ela nos informou de
outros serviços de alimentação como bares, restaurantes, churrascarias e
pizzarias. Nos chamou muito atenção, os bolinhos de bacia de mandioca que estavam
no expositor e que não conhecíamos.
As opções de hospedagem são
poucas, a cidade conta com uma pequena pousada e dois motéis.
Ao retornarmos para a sede
da prefeitura, fomos recebidos por uma atenciosa equipe. Conhecemos representantes
da Diretoria de Cultura: Charlene Matias e Alan Silva; da Secretaria de
Educação Cultura, Turismo e Esportes; da Secretaria de Agricultura: o
Secretário Joel Pascoal e os Assessores Jaqueline Oliveira e o Gilvan Alves.
Participamos de uma reunião
que também teve a presença do representante do Instituto Agronômico de
Pernambuco – IPA: Alberto Rocha.
O chef Marcos Lôbo,
apresentou um resumo de seus trabalhos no Brasil e no exterior, assim como as suas
pesquisas no campo da gastronomia. Informou da necessidade da sua presença em
Feira Nova para conhecer in loco a produção da farinha e conversar com as
pessoas envolvidas nesse trabalho.
Após a reunião, fomos
acompanhados para conhecer um roteiro técnico que nos proporcionou uma experiência
única. Tivemos a oportunidade de conhecer os locais de produção e beneficiamento
dos produtos e subprodutos da mandioca.
Inicialmente, conhecemos a
fábrica de massa de mandioca, no bairro de Bastião Galdino. Conhecemos o
simpático casal que administra o local, Nilson Cavalcanti e Ana Paula da Silva.
Em seguida, fomos para outra área do município conhecer uma das instalações da
cooperativa e observar a produção de farinha e todo o processo que hoje é realizado
por maquinários.
Na oportunidade, conhecemos o
Presidente da Cooperativa dos Produtores de Farinha de Mandioca e seus
derivados do Município de Feira Nova – Coopffen: Fábio Silva.
Conhecemos uma unidade onde
são realizadas as embalagens dos produtos já finalizados e prontos para o
mercado consumidor. Já próximo do fim da manhã, finalizamos o roteiro
conhecendo a unidade de produção de mudas de mandioca, uma cooperação técnica
da Coopffen / Prefeitura de Feira Nova / IPA.
Recebemos muitas explicações
técnicas sobre o trabalho ali realizado cujo o principal objetivo é a ampliação
da produção de mudas para incentivar o cultivo no município, diminuir os custos
e sustentar a produção e demanda, tornando-o competitivo e com qualidade.
Entre as mudas de mandiocas dos
tipos kiriris, milagrosas e manivas, plantadas no solo ou em estufas, conhecemos
o Lucas José que é o responsável local e que também nos orientou com
informações.
Concluímos os trabalhos em
agradáveis conversas turísticas, gastronômicas e culturais na Churrascaria Nova
Ipanema, cujo o galeto, confirmamos que se trata o melhor da região.
Na manhã do dia seguinte,
sábado, fizemos um pequeno passeio pela feira livre. Estava ainda bastante
movimentada, uma vez que ficamos sabendo que o horário de maior movimento é no
fim da madrugada.
Encontramos diversos
produtos dos agricultores e produtores locais que variava de alimentos à
utensílios domésticos, tudo em bancas muito organizadas e de fácil acesso.
Chegamos até o mercado de carnes e também observamos um boa higiene e distribuição
entre os comerciantes desse produto.
Como não poderia deixar de
ser, fechamos a nossa visita conhecendo a Paróquia São José de Feira Nova e Casa
do Artesão Feiranovense, onde uma grande variedade de produtos artesanais de
bom gosto e qualidade abordam o olhar dos visitantes. É quase impossível sair
de lá sem fazer uma compra. Nesse espaço, conhecemos peças raras de artesãos já
falecidos com os caçuás em fibra vegetal do Severino Amorim, o “Biu Verme”.
Os artesãos de Feira Nova
sempre tem suas participações na Fenearte. Considerada a maior feira de
artesanato da América Latina e realizada no Centro de Convenções de Pernambuco.
Durante os 12 dias, as mais surpreendentes criações artesanais do Brasil e do
mundo podem ser encontradas no evento.
Uma importante personalidade da
cidade nos foi apresentada: Marinalva Josefa Soares. Já sabíamos da existência
dela de ouvir falar e uma valiosa fonte de informações sobre a história da
cidade de Feira Nova. Como uma legítima filha da cidade que honra as suas
origens e raízes, essa professora utiliza seus conhecimentos e preserva a
memória da sua região. Além de pesquisadora dedicada, ela é autora de dezenas
de folhetos de literaturas de cordéis. Iniciou esses poemas em 2007 e sempre
com o objetivo de resgatar a cultura popular nordestina. Marinalva também é honrada
e conhecida também como autora do hino da cidade, um privilégio de poucos.
Não poderíamos aqui deixar
de registrar também, o excelente nível de atendimento de todos os profissionais
envolvidos, direta e indiretamente no acompanhamento da nossa visita. Toda a
equipe da prefeitura, que aqui agradecemos em nome de todos na pessoa do Joel
Pascoal, do Fábio Silva da Coopffen, que mesmo nos momentos em que não foi
possível nos acompanhar, devido as responsabilidades do seu cargo, de tudo
procurava saber e era informado para facilitar o nosso trabalho. Mesmo assim,
conseguiu um tempo em nos presentear com uma bela paisagem da Barragem de
Carpina e de muitas ambiências rurais, de conhecer a propriedade da família e seu empreendimento de tilápias
em cativeiro, de conhecer seus pais e esposa, todos igualmente gentis e
amáveis. Aos feirantes, comerciantes e transeuntes ocasionais, que movidos pela
curiosidade, sorriam ou nos abordavam para saber o que estávamos fazendo, colaborando
com nossas anotações, posando para fotos e nos presenteando com seus produtos
na feira. A Cícera Lacerda, Coordenadora da Casa do Artesão e também a artesã Maria
do Carmo Ferreira, que nos receberam tão alegremente naquele espaço.
Ainda no clima de muita
satisfação e alegria na convivência dos nossos impecáveis anfitriões na Casa do
Artesão, somos surpreendidos em apreciar uma inusitada papa de farinha de
mandioca que nos foi gentilmente oferecido.
A Charlene Matias que um dia antes observou
discretamente o nosso interesse e curiosidade gastronômica por essa comida,
encomendou de sua vovó, Josefa Matias, a Dona Nêga, como é conhecida, a missão
de preparar a tão deliciosa papa.
Mais do que o sabor suave e equilibrado do
prato, foi o carinho tão bem temperado de amor da vovó e de todos os cúmplices
do bem (risos), que nos proporcionaram uma alegria que marcou para sempre a
lembrança da nossa primeira visita a surpreendente cidade de Feira Nova.